Porta do sol
Ah, o sol! Filho da puta e incandescente sol! Frita minhas idéias, frita as bundas das mulheres e deixam-nas com aquela cor de peru de natal, ou galeto de beira de pista. E ainda vem um zeca, gritar ao mundo inteiro, como se fossemos um vale turismo, que somos a porta do sol. Grande merda! O que isso quer dizer? Somos a porta do câncer de pele? Somos os primeiros a passar protetor solar? Não, não, já sei! Seremos os primeiros do Brasil a desaparecer, ou melhor, ser tostados assim que a terra se aproximar um pouco mais do sol, pois somos a sua própria porta, não? “Somos a mata verde – não, laranja – a esperança”, continua o cidadão. Realmente somos a esperança de um dia nos tornamos algo mais que um rio ruim de navegar, ser mais que um postal que só não fede por ser um postal. A esperança daquela privada imunda e imensa, instalada no meio do centro da cidade, parar de transbordar, porque os corpos pessoenses entupiram o cano por onde passaria a merda, na verdade é tanta merda que, eu acho, que o cano fez greve, saca?
“Por aqui, por favor, essas são as praias, não temos bons artistas, mas temos putas na orla quase toda, não se preocupe, sua merda ou esperma serão jogados no mar bem aqui, á nossa frente, amanhã o senhor poderá nadar um pouco e encontrar, quem sabe, aquilo que seria seu futuro filho da puta, boiando ao seu lado, ou talvez o grande, e grosso cocô que fez pela manhã, antes de decidir relaxar no mar. Apanhe esse cocô e homenageie nossa cidade pondo o seu nome de Porta do sol. Obrigado a preferência e volte sempre, estaremos de rabos abertos para você. Ah, esses gringos, sempre tão excêntricos… somos a porta do sol, desse país lalaiá, tchurururu”…